quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Para o passado que não volta.

O problema é que só agora percebi que um momento nunca volta. O tempo passa, depressa demais, e nunca se repete. Não sei se consigo viver com isso, pois me tornei um poço de lembranças. Lembranças que talvez nem se quer tenham existido. Lembranças de pessoas que desapareceram. Que se transformaram. Ou que simplesmente sumiram. Lembranças de pessoas que não são mais pessoas, são apenas lembranças. Nossas vidas podem ser muito emocionante em nossas mentes.
Me pergunto se algum dia eu as verei novamente. Se algum dia eu poderia se quer me tornar um antigo eu. Um eu que confortava ao invés de confrontar. Me pergunto o que aconteceu com o passado. Pois não vejo mais nada aqui, além de lembranças e até mesmo esperança. 
Nunca irei sentir as mesmas coisas que senti no momento em que escrevi. Nunca mais serei a mesma pra sempre. Pois me transformo a cada momento em alguém que não existe. Deixei de ser alguém que em algum momento não usava das teclas para se expressar. Por quê não se expressava. Por quê não existia. 
Gostaria de dizer para os amigos, para o passado, para o presente, para mim, para você e para o amor que  não somos pra sempre. Mas não passamos de momentos não aproveitados.

Sandy Quintans

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Aquele maldito fio branco.

Há dias ele me irritava. Estava lá naquele cantinho, bem na divisão entre minha franja e o resto do cabelo. Reluzente. Não tinha como ninguém ver. Tentei arrancar e não consegui. Apesar de evidente era curto demais pra ser arrancado. A tinta também não cobriu. Agora ele fica aqui, sorrindo pra mim todos os dias pra me lembrar de que o tempo passou. 

Sandy Quintans

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Farpas

O problema é que pra você não consigo fingir. Nem dizer que está tudo bem. Muito menos aceitar. Ao contrário do que sou para o resto do universo, não consigo me calar quando quero dizer. Não consigo sorrir, quando quero chorar. Não posso me acalmar, quando quero enlouquecer. Nos tornamos assim, transparentes demais. Somos um só no corpo de dois. Dois em um só corpo. Óleo e Água em um mesmo recipiente. 
Minhas palavras saem de minha boca e ao invés de som causo pequenas dores em você. Sinto que cada pequena farpa que te espeta quando explodo, poderá te matar. Poderá nos matar. Grandes feridas começam assim, pequenas. Mas se cutucar demais elas infeccionam. Sinto medo. Não do que somos, mas por te ferir. Por favor, me perdoe, pois me tornei assim, inconsequente. 
Talvez não entenda, mas eu sou a metade de um quebra cabeça. Não existo sem a outra peça. Se você sangrar eu sangro. Se eu sofrer você sofre. 

Love hurts, love scars, love wounds' and mars
Any heart not tough or strong enough
To take a lot of pain, take a lot of pain

Nazareth - Love Hurts
Sandy Quintans

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Desabafos de Novembro.


Sem saco. Sem tempo. Sem paciência. Isso resume bem como estou.
Quando chega Novembro já começo a sentir o peso do ano. Começo pensar nos balanços. Nas compreensões. Nos tédios. No quanto você tentou se encaixar e não conseguiu. No quanto você tentou o melhor e não deu. No quanto você cansou de não ser compreendida. No quanto você permite a má interpretação de si mesma. 
Talvez, você não entenda, mas sou uma desencaixada. Posso me identificar com você, mas não seremos mais tão parecidos depois de muita conversa. Todo mundo é interessante no começo. Difícil é aceitar o por dentro, aquele que vem com o tempo. Podemos gostar do parecido, mas não do mesmo.
Não vou aos lugares que você frequenta, porque não gosto. Quando me perguntar o que fiz no fim de semana, vai me olhar com cara de pena, enquanto eu estarei me sentindo muito bem com ele. Não escuto suas bandas. Não gosto de telefone. Troco qualquer trabalho duro pra evitar uma ligação. Quase uma fobia. Me peça uma carta, é melhor. Não assisto aos seus filmes. Gosto do meu quarto, da minha cama. Gosto de ficar quietinha no canto, sem falar muito. Inventar uma conversa me chateia. 
Quando chega Novembro eu já estou cansada demais de tentar me encaixar durante o ano todo. De fingir que tudo bem você não me entender. De não receber uma dose de lambuja na hora do erro. De te enxergar, de te entender, de te ver encaixado. Sem reciprocidade. De se esforçar pelo melhor. 

Você não entende. Mas eu sou assim. 

Sandy Quintans

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sintonia


V: Acordei com dor de estomago
E: Nossa, eu também!
V: Tô com uma azia daquelas.
E: É mesmo, tô sentindo
Silêncio.
E: Não consigo comer.
V: Nem eu
Caminhamos até o ponto de ônibus. Silêncio. O ônibus para.
E: Acho que vou vomitar
Você me faz cara de tristeza.
V: Que ânsia que me deu
E: Vamos descer desse ônibus?
V: Vamos antes que vomite.
Descemos apressados. Paramos em frente ao hospital. Entramos. Pego as senhas.
E: Vamos embora?
V: Mas já?
E: Prefiro passar mal em casa do que horas na fila do hospital.
V: Então vamos.
E: E o trabalho?
V: Tentamos depois.
Dormimos.
E: Tô com febre acho que você também deve estar.
Você estava.

Sandy Quintans

sábado, 3 de novembro de 2012

Descontrole


Me deixei entregar depois de muito tempo. Eu sei. Ás vezes sou cautelosa demais com coisas que se tem de mergulhar de cabeça. Lerda. Mas não me levem a mal, já tropecei tantas vezes. E você sabe, sua insegurança. Você é tão ingenuo por pensar que vou te deixar. Não vê que é o único que consegue me levar do céu ao inferno? Você é meu descontrole. Quero minha vida, ao lado da tua vida, pelos restos dos meus dias.

Sandy Quintans

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Vá mundo.

Estou cansada de coisas que não saem do lugar. De coisas que precisam de um empurrão. De coisas que necessitam de incentivo. De coisas que tiram o sono. De coisas que ninguém enfrenta. Eu tento, mas não dá pra empurrar o mundo sozinha. Vá mundo. Você também precisa caminhar. 
Carregar tudo sozinha é muito mais do que carregar alguém. Muito mais do que carregar você. Muito mais do que me carregar. E todo mundo. 
Se eu não te empurrar, será que você iria e se resolveria? Vá mundo. E me deixe dormir. 

Sandy Quintans

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Meninas, admitam.


Meninas, temos de admitir. Homens sabem amar muito melhor. Sério. Tecnicamente falando, nós mulheres somos inseguras, afobadas e de uma maneira geral metemos os pés pelas mãos. Não me julguem, me considero uma mulher sensata. Mas não posso deixar de notar, que um homem quando ama qualquer coisa que seja me faz sentir uma ponta de inveja.
Imaginem você que quando sofremos por amor parecemos completamente descontroladas. Pegamos o maior pote de doce existente e sofremos diante de comédias românticas desesperadamente. O gosto é agridoce. Não dá pra ter certeza se é gosto de lágrimas que prevalece. Ou de sorvete. A gente passa por tudo isso,  e quando nos deparamos com o filho da mãe, ele está lá. Como se nada tivesse acontecido. 
Pode até demorar para acontecer, mas quando o homem ama, ele faz canções de amor. E se ele estiver sofrendo, ele escreve músicas pop.  As maiores canções de amor saíram do peito de um homem apaixonado. Sim. Convenhamos, nem todos os homens sabem compor músicas. Mas sabe mandar uma fofa SMS na madrugada. E-mails repletos de palavras prova-de-amor. Poemas sem sentido, mas valendo a intenção. 
Meninas, sinto pena de nós. Admitam, os homens amam muito melhor.

Sandy Quintans

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Quero ser John e Yoko com você.

Esses dias me deparei uma discussão sobre  "O Amor depende de sorte ou de competência". Acho que acrescentaria muitas palavras mais nesta lista porque Amor depende de muita coisa, principalmente de paciência. Seja de acaso, de destino, não importa porque quero ser John e Yoko com você. 
Eu amo milhares de casais na ficção, mas John e Yoko sempre foram inspiração para milhares de pessoas que queriam encontrar o Amor. Eles dividiam ideais, mergulhavam na dança um do outro sem pudor porque compartilhavam da ideia de que o mundo poderia viver em paz. Não há como contestar, eles foram feitos um para o outro. Gosto de romantizar que se John não tivesse morto, eles estariam juntos até hoje. E não apenas em um relacionamento, mas juntos intimamente. Por mais que os veja como um casal da ficção, eles eram/são reais e é isso que faz a diferença. Pensar que duas pessoas possam compartilhar de tanta intimidade é inspirador. 
Hoje, minha definição de Amor é intimidade e conhecimento. Amar te deixa despido, desprotegido, pronto para o próximo golpe. Amar entre segredos é mentir pra si mesmo, pois deixa de ser Amor. Te conhecer da maneira como te conheço me assusta, pois te vejo transparente. Me assusta mais ainda perceber o quanto sou vulnerável em tuas mãos. Se pudesse me apunhalaria com apenas um golpe e já seria fatal. Mas não tenho medo, porque se Amor for conhecimento quero saber tudo sobre você. 
E foi assim que um dia eu percebi, que da nossa maneira você é meu John. E eu sua Yoko.

Sandy Quintans

sábado, 22 de setembro de 2012

Dormir sem sonhar.

Minha cabeça girava. Estava em meio há dezenas de pessoas e mesmo assim só. Procurei teu abraço e não encontrei. Aonde você foi que demora tanto a chegar? Os olhos encheram d'água, não pude segurar. O problema das lágrimas é que quando vêm demorar a ir. Não sabia como recuperar o sorriso. Me desespero pois logo sei que vão chegar e eu não saberei o que dizer.
Parecia um sonho ruim, mas desta vez estava acordada. A sensação de que parei no tempo. Aquela sensação de quem sonha demais e se sente estagnado. Sonhar sem realizar é igual dormir sem sonhar. Não quero mais ouvir suas histórias, quero contar minhas próprias.
Não quero mais sentir saudade de lugares que não visitei e de esquecer pessoas que não conheci. Sinto como se estivesse enterrado meus pés no cimento molhado e ele secou. Estou presa nas condições. E agora vejo os pássaros voarem.
Eles voltam. O sorriso é automático, mas o devaneio não. Só desejo ter apenas enterrado o pé na areia.

Sandy Quintans

sábado, 1 de setembro de 2012

Nightmare


Acordei antes do previsto. Aquelas preocupações não me deixaram dormir mais. Parece que acordei de um pesadelo, mas era só um sonho. Me pergunto quando vai acabar. Fico aqui esperando a vida começar, e logo percebo que estou me deprimindo. As coisas não são como antes, não sinto satisfeita. 
Tenho a impressão de que dormi por tempo demais, porque tudo está tão diferente. Nada está como era antes. O café não tem o mesmo gosto. E os amigos não tem o mesmo papo. Me reconforto no teu peito, porque sei que seu coração continua o mesmo. Porque sei que você não mudou. 
"All thing must pass", dizia a música. Mas meu coração tem desejo de passado. Ou um futuro distante. 

Sandy Quintans

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Singularidade Coletiva.


Minha revista preferida me avisou: todo mundo é único. Mesmo assim não entendo. Estamos juntos todos os dias. Ouvimos os mesmos sons. Lemos os mesmos livros. Dividimos as mesmas aulas. E continuo só, no meu próprio mundo. Não pela minha capacidade de autossabotagem apenas, mas pela total capacidade de visão da humanidade. Se acostumaram a viver vedados e com a impossibilidade de enxergarem aquilo que para mim é completamente transparente.
Mesmo entendendo nossas diferenças e singularidades dos humanos, continuo insatisfeita. Aquilo que todos querem, me parece inútil e desnecessário e vejo. Vejo que continuam a considerar ideal. Por que não quer mais? Por que se satisfaz com o mínimo? Por que não FAZ muito mais? Quero muito mais pra você do que pode querer por mim. Piedade por saber que é capaz de muito mais.
Olhe pra frente. Presta atenção em tudo isso que está claro, mas não vê. Não me faça mais pensar que tudo é perdido. Não me faça pensar que vocês são apenas a correnteza desta massa falida. Não me faz pensar que podem mais, mas que optaram por ser o menos.

Sandy Quintans

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Generosamente Egoísta.


São consideradas egoístas aquelas pessoas que não abrem mão das coisas em favor de um benefício próprio. Aquelas que dificilmente abrem.  Todo mundo tem um momento egoísta. Mas eu percebi que as pessoas só agem assim quando existe alguém disposto a abrir mão. É a lei, alguém sempre tem que ceder como já dizia o filme. De vez em quando eu sinto uma vontade enorme de desistir das pessoas. É sério. 
Pessoas são complicadas demais e decepcionam mais do que eu gostaria. Ninguém é perfeito, eu sei. Mas ficar perdoando as falhas dos outros o tempo todo deixou de ser teste de paciência. É por isso que muita gente aprende a deixar de fazer favores pelos outros. Porque ceder uma vez vira sinônimo de ceder sempre. Já ouviu dizer a expressão “dar a mão e querer o braço?”. É bem isso.
Tenho meus momentos egoístas porque eu sei que não existe disposição em ceder às minhas necessidades também. Ser sugada em função dos outros o tempo todo não é uma escolha minha. Acabo me perguntando se estou contribuindo para um ciclo vicioso. Ou se talvez não é assim que surgem os egoísta. A resposta ao certo eu não encontrei, mas o que eu desejo sim. 
Não quero passar a minha vida dependendo de pessoas que estejam abrindo mão de algo a meu favor. Mas não quero também ceder o tempo todo para depois nem se quer levar o devido mérito. Coisa que tem acontecido mais do que eu gostaria. Não ligo em ajudar, mas ligo sim em ser considerada um peso morto quando faço tanto. Ou será que deveria fazer mais?
Por fim, deixo meu texto com título paradoxal. Afinal, tem muito egoísta cumprindo excelentemente um papel contraditório. 


Sandy Quintans


quarta-feira, 13 de junho de 2012

É sempre a droga do dinheiro


Desculpe o palavrão, mas as vezes é necessário. 
Percebi que tinha uma tarde livre. Pensei em ir a casa da minha melhor amiga, que é mais que amiga, é irmã. Pra isso precisaria de dois ônibus para ir e mais dois para voltar. Cada passagem custa R$3,00 reais na minha cidade.  Quando eu estava na segunda série do ensino o fundamental, este mesmo ônibus custava R$1,00. Isso significa que por R$2,00 eu poderia ir e voltar. Hoje nem isso faço mais. Se multiplicarmos dois ônibus para ir até a casa da Melin e dois para voltar dá uma quantia de R$24,00. A opção de ir até a casa dela era justamente porque a grana tá curta e não poderíamos nos dar ao luxo de passar a tarde no shopping gastando. Desisti. Pensei que poderíamos nos encontrar na metade do caminho e comer em algum lugar. Me bateu uma vontade tremenda de comer Mc Donald's. Não me julguem, com o meu orçamento isso anda cada dia mais difícil. Mesmo com pequenas ofertas, pouca grana você não gasta em um lugar desses. Se fosse chutar o pão da barraca, pegaria uma Mc Oferta média, talvez um Big Mac e gastaria R$17,00. Se colocássemos na conta aquele ônibus no meio da história sairia R$23,00. Praticamente o mesmo que ir até a casa de Melin. 
Ok. Grana zero. O que resta? Ficar em casa. Tudo bem, gosto de ficar em casa . Até que, tu liga o computador, entra no Facebook e perde boa parte do seu tempo. Quando vai fechar sente aquela sensação de ter perdido todo o seu tempo. Pra melhorar a sensação, pega um livro. Página um. No meio daquelas frases pulando te chega pensamentos.
"Quando vou poder escrever algum projeto interessante assim?" 
Daí você lembra, só depois de muito trabalho. Trabalho no meu caso significa muito matéria, muita redação, muita encheção. Sim, por mais que você ame a sua profissão e queira fazer aquilo para o resto da vida, ser jornalista é passar a escrever pra alguém. Pra algum jornal, algum interesse, algum alguém cheio da grana. Mas quando é que dizemos o que realmente queremos dizer? O por quê? Porque por trás de tudo sempre tem alguém com mais dinheiro que você que te diz o que fazer. Você aceita, claro, tem suas contas pra pagar. Idealismo é pra quem tem sustento. Quando é que você vai pegar aqueles papéis pra encher de ideias esquerdistas? Quando esse dia chegar você vai perceber que está cansado demais para ideias tão joviais. Que tudo o que você quer é se esconder no maior dos campos e esquecer redação, esquecer as palavras. 
Tudo porque passou a vida pagando contas, dando metade do teu salário todo mês a alguma empresa de ônibus ou talvez a alguma petrolífera. Ao governo com juros abusivos e benefícios mínimos. E percebendo que quanto mais se tem, mas você gasta.
É bonito né? Você ficar pensando que o que mais importa nesta vida é o amor. Que se prender a coisas materiais é furada. É verdade, não discordo. Mas até pra amar precisa de dinheiro. Ninguém ama morrendo de fome. Talvez no escuro, mas sem banho não. Sem água então? Até parece. Tudo custa dinheiro. Você aí lendo meu texto tá gastando dinheiro. Eu aqui escrevendo estou gastando dinheiro. Meu notebook ainda não terminei de pagar, a conta da internet chega todo mês e da energia também.
Até pra ser artista tá custando dinheiro. E então você percebe. É sempre a droga do dinheiro.

Sandy Quintans

terça-feira, 12 de junho de 2012

Confissão.


É isso. Fui do céu ao inferno em questão de segundos. Uma tal bipolaridade. Me perguntei que mulher e que pele aguentaria uma coisa dessas.
Parte um: conheci o platônico, o lindo e perfeito. A idealização do que poderia ter sido, mas que nunca aconteceu. O problema do inventado é que ele nunca vira realidade e depois vem a dor da frustração. Pois toda coisa boa vem sempre seguida de alguma ruim. Pois nada é perfeito sempre.
Parte dois: depois que cai do céu e bati com a bunda no chão eu percebi que não dá pra ficar vivendo de conto de fadas. Foi aí que descobri, o real. A falta de grana no fim do mês, tendo que se virar com o que tem. Aquela mania chata e irritante que por nada nesse mundo te faz ter vontade de engolir. Aquelas manias, porque nunca é uma só. Aquele pé frio encostando em você quando você está aquecida. Aquela carência. Aquela vontade de explicar tudo nos mínimos detalhes quando tudo o que você quer é dormir. Aquela cobrança. Aquela falta de espaço. Se engana quem acha que amar é ver o céu pintado de azul e as nuvens coloridas em cor de rosa todos os dias. É oposto.
Mas depois de cada irritação que você percebe que todas essas chateações não te faz querer abandonar. Que mesmo assim, você ainda é feliz. Que mesmo assim o que você sente vale a pena só pelo simples fato de ser realidade.
Pois sempre depois de um dia ruim com os seus amigos. Um dia ruim com o seu trabalho. Um dia ruim com o seu cabelo. Um dia ruim com o seu dinheiro. Um dia ruim com as suas roupas. Você sempre terá alguém que vai olhar pra você no fim do dia, mesmo nos momentos em que mais te tira do sério e dizer que na verdade você é linda. Que o dia passou e que o passado já foi. Alguém pra você poder reclamar de todos os seus problemas. Alguém com quem você sempre pode ser verdadeiramente sincero. Verdadeiramente você.
E no fim do dia você percebe que tudo valeu a pena. E que a parte ruim é só pra te lembrar de que não está sonhando. 

Sandy Quintans

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sobre a vida e sobre a morte.

Já parou pra pensar no que acontece quando a gente morre? O que será que tem do outro lado? Uma vez parei pra pensar e decidi que as pessoas inventam teorias de vidas após a morte para se reconfortarem. Não acha muito confortável pensar que depois disso aqui tem mais? Por isso não faz sentido. Por isso gostaria que morrer fosse como dormir. Escuro. E sem medos. Sem pós-vidas.
Nós humanos somos extremamente egocêntricos. Ficamos pensando que o mundo gira em torno de nós. Que tudo é como é porque nós criamos. Ouvi dizer por aí que a Terra gira em torno do Sol. Se do Sol ou não, eu não sei, mas em volta de mim não é.
 Não tem medo de passar a vida e não descobrir nada? De não contribuir em nada? E de não fazer nada para tornar tudo isso diferente? Sei o que está pensando. Está pensando que sou jovem demais para pensar nisso. Mas também sei na fragilidade de uma vida, inclusive a de uma forte.
Tenho medo de viver de mais. Tenho medo de viver de menos. Vou me sentir fracassar se perceber que cheguei ao fim e que eu nada fiz pra mudar a vida de alguém. Nem que fosse apenas uma, a minha. Percebo que tem muita gente vivendo de teoria, sem perceber que a vida é feita pra se colocar na prática. De que lhe adianta todos esse livros, se em nada isso contribuiu para te tornar melhor? O sentido da vida pode estar nos erros, mas são acertos que te fazem querer mais. Morrer é fácil. Difícil é amar.

Sandy Quintans

domingo, 4 de março de 2012

Em busca do tempo perdido.

Aos meus 21 anos e alguns meses de vida travei minhas costas. Isso mesmo, fiquei travada. A cena? Um momento entre pegar o celular do chão e um espirro me causou isso. Fiquei andando feito uma pessoa que viveu muito e já não aguenta mais o peso da vida. De vez em quando, os ossos dão defeitos quando se é mais velho. Será que de criança pertinente me tornei uma idosa travada? Senti decepção de mim e da minha geração. 
Passo o dia correndo. Tentando fazer mil coisas ao mesmo tempo e nem por um segundo se quer paro pra cuidar de mim. A não ser quando for pra cuidar do ego. Esse eu cuido até demais. Tenho a impressão de que estou em uma corrida da qual não escolhi entrar. Mas é o tipo de corrida que não se escolhe, apenas se está lá. Esse é o problema, não quero estar em algum lugar apenas por estar. Quero estar pra viver lá. Afinal de contas, qual é a do mundo por essa busca por tempo? 
Tempo é algo que sempre fiz questão de preencher, não sou do tipo desocupada. Mas não posso compartilhar da ideia de que se tem que achar normal fazer 36 horas de ocupações em um dia de 24 horas. É pra achar normal isso? Se for pra achar, me sinto ultrapassada. Engraçado é encontrar este padrão em uma criança de oito anos. 
Um dia escutei que tecnologia serve pra facilitar nossa vida, pra ganhar tempo. Grande ilusão da sociedade. Só nos tornamos multitarefas numa dessas. Em um momento como o nosso ganhar tempo de um lado, só se for pra perder do outro. Tecnologia já passou da fase de facilitadora, agora é motivo de afastamento da vida. De afastamento de você. Só tenho medo de que por causa dessa tal tecnologia eu me torne uma jovem idosa sedentária com as costas travadas ao invés de alguém jovem que esbanja a vida.

Sandy Quintans

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O restinho no prato.


Dois anos se passaram e milhares de coisas mudaram. Inclusive minha intolerância, essa encurtou. Acho que a gente vai ficando velha e perdendo a paciência. Se crescer é uma tarefa complicada, lembrar da infância é algo completamente esquecido. Bem difícil de ser lembrado.
Eu sempre tive mania de deixar um restinho de tudo que como.Aquele velho restinho de pão nada tem a ver com satisfação. Não enche uma mão das vezes que cheguei até o fim. Desde criança. O engraçado dessa mania esquisita é que nunca senti remorso por jogar comida fora. Pode dizer que sou coração de pedra. Pra certas coisas eu sou mesmo. Tem uma hora na vida que a gente endurece o coração pra que as pauladas doam tanto assim.
É uma mania que não faço questão nenhuma de perder. Não nenhuma maldade minha não. Mas é que cresci e foi algo que não perdi. Se a infância é melhor fase da vida por que então não conservar o pouco que dela resta? Meu bom e velho amigo restinho.

Sandy Quintans

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

As Marias que vão com as outras.

Antes de tudo irei dizer quatro coisas:
Primeira coisa: Eu aprendi ainda bem novinha que toda história tem dois lados e poucas pessoas param pra pensar isso.  
Segunda coisa: Outra coisa que aprendi faz tempo é que nem tudo é o que parece ser. 
Terceira  coisa: É normal a gente se inspirar em alguma coisa. Todo mundo tem ou teve um ídolo. O que seria da humanidade sem as ideias geniais, não é mesmo?  
Quarta coisa: O bom de ter nascido bicho homem é poder pensar. 
O que não dá é essa mania de massa. Agora é todo mundo junto. Tanto faz se for pra ser a favor ou contra. É todo mundo julgando ou todo mundo "ajudando". Entre aspas sim, porque ajuda com um teclado e um mouse é muito fácil, quero ver ajudar alguém de verdade. Até parece coisa bonita essa história de povo unido.O bom de não viver na ficção é o fato de ser a mescla do bem e do mal.
Já se perguntou por que todo mundo sabe cantar músicas do Michel Teló? Não é porque é bom. É porque tá sendo esfregado na sua cara pra você ser obrigado a gostar. Já se perguntou porque agora todo mundo quer salvar os animais? Se parar pra pensar até bem pouco tempo poucos eram adeptos a causa. Mas acontece que agora isso também é esfregado na sua cara. Já se perguntou porque brasileiro gosta de futebol? E nem é tanto pelo esporte, porque boa parte da população mal entende as regras. É porque desde criança você vê passando na televisão, as pessoas falando sobre isso e fazendo piadinhas.
O problema é esse, você vê, aceita o que parece ser e segue as outras Marias. Ou será que o apropriado seria dizer bando? Lembra que eu falei que o bom de ser bicho homem é ter privilégio do pensamento? Então, talvez esteja na hora de olhar as coisas além do que parece. Escolher a sua opinião e a sua posição sobre determinado assunto. Esse negócio de ser Maria vai com outras é coisa de gente preguiçosa. Acredito que todo mundo pode ser o que quiser desde que esteja ciente disso. Saia um pouco desse modismo e vire você mesmo por favor.

Sandy Quintans

sábado, 21 de janeiro de 2012

Ano novo, planos novos?


Quase ninguém gosta de começo de ano. Nem sempre eu gosto também. Esse ano fiz meus habituais planos de início de ano, troquei o certo pelo duvidoso só pra poder trocar por alguma coisa. Um duvidoso que me dizem ser muito certo. É impossível não se perguntar, será que tenho de escolher o sensato ao invés do feliz? Sou uma pessoa que busca a felicidade antes de sucesso. Afinal de contas estar feliz  pra mim é sucesso, e infelicidade é fracasso. E a opinião é alheia é desnecessária. Por isso decidi largar todos os planos e seguir apenas um. O de ser feliz.


Sandy Quintans