quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Horóscopo


Comecei a ler as previsões dos astros para o meu 2017, mesmo que na pática eu não acredite nisso. Tornou-se um passatempo divertido ler astrologia pra depois fazer um balanço sobre o que de fato aconteceu e rir das coincidências. Susan Miller fez a retrospectiva: "Em 2016 você se tornou mais otimista". Dei risada daquela que tinha sido a maior constatação do meu ano, porque de fato era o que acontecia. 

Foi em 2016 que assumi que sim, sou uma otimista, já não dava mais pra negar. Foi em cada cagada que aconteceu que tive que respirar e pensar: "tudo bem, eu posso conseguir resolver isso". E seguir. Justamente por tanta coisa errada que a parte 2 de 2015 (convenhamos, é o que é 2016) reservou pra gente, que tivemos que aprender a fazer algo melhor que uma limonada com os limões.

Eu não estou dizendo que foi um ano fácil, pelo contrário, duvidei da minha sanidade em diversos momentos e deu uma vontadezinha doida de desistir, de parar de acreditar. Mas todos os dias são de luta. E sempre foi assim, independente dos números do calendário. 

Minha breve retrospectiva sobre o que aconteceu nos últimos 26 anos me diz que encontrei muita coisa boa depois de outras que achei que não iria consegui superar. Vamos admitir e abraçar o fato de que coisas boas acontecem nos lugares mais improváveis. Foi assim que fiquei mais forte, que parei de ficar lamentando e espelhando a minha vida na dos outros. Essa vida é minha e só minha, por isso não tenho medo de que dê errado. A gente arruma depois o que tiver que melhorar. 

Detesto auto ajuda, mas estou aqui escrevendo um texto tão otimista que acabou virando algo sobre conselhos da vida pra te dizer que podemos acreditar mais e se desesperar menos, porque quase tudo na vida tem jeito. Só precisamos de uma mudança de perspectiva.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Na vitrine


Eu passei os últimos anos imaginando como minha vida seria a partir daqui. A aproximação da despedida de como eu vivo agora me faz pensar que as coisas não eram assim, tão ruins. Só me faltava perspectiva. Eu não pensei que chegaria até aqui e duvidei da minha capacidade de transformação muitas vezes. Agora olho pra tudo com o olhar de despedida e aquilo que antes me afligia agora me enche de emoção. É como assistir a vida através de uma vitrine.  

O curioso é que metade de mim continua dentro da vitrine, me matando de vontade de sair de vez. De sentir saudade de como era a minha vida até aqui. Eu cheguei a um nível em que já não era mais possível prosseguir da mesma forma. Eu precisava de uma mudança que chacoalhasse meu mundo completamente, até que finalmente consegui.

O tempo é tão perfeito que as perspectivas de transformação não me assustam, como normalmente aconteceria. Eu preciso sempre processar as coisas novas e isso pode demorar eras inteiras. Mas, no momento, não sinto nenhuma preocupação com as incertezas do meu próximo passo. Simplesmente, eu sei que é o que eu preciso fazer.

Então, eu só vou. Sem pensar.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Grey days


Dias nublados me deixam bem. Eu tenho aquela sensação de nostalgia que me leva até dezembro. As fotos da minha infância aconteceram em dias de tempo fechado. Se me concentrar o suficiente posso sentir o cheiro do mormaço.  

As lembranças que surgiram em minha mente após a morte da minha vó me enchiam de tristeza. Mesmo que fosse pra lembrar da época mais feliz da minha vida. A tristeza vinha com a saudade, daquilo que nunca poderei tocar outra vez. Aqueles dias brilhantes, de céu nublado. 

Eu supero meus dramas, porque revisitar o passado me derruba. E eu não sei estar no chão, embora comece a me acostumar com o sentimento. Eu queria entrar na minha capsula do tempo.  

Estou vivendo dias cinzentos demais. Não são dias nublados, são dias de cor cinza. Acordar pela manhã me deixa cansada, a rotina de maus hábitos me massacra, a energia das pessoas me deixa sem a minha. Tenho convivido com um sentimento de fracasso que nem mesmo sei se existe ou se mora no meu inconsciente. 

E não é que não quisesse a minha vida. Apenas gostaria de uma versão diferente. Essa daqui não é aquilo que minha infância merece. Eu sei que não. E ainda assim preciso de muito mais força pra executar as coisas mais simples do que necessitava há alguns meses. 

É uma fase ruim. Aos poucos, começo a entender isso. Me forço a vivenciar as coisas que me deixavam bem, mesmo que aquilo não seja a minha vontade. Eu sei que o resultado de satisfação depois disso vai me deixar radiante.  

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Funeral


O dia ficou cinza. De alguma forma, quem controlava o tempo também estava triste. A tempestade daquele último momento refletia o meu humor, mas também trazia paz. Aquela água lavava as nossas almas. De alguma forma havia o pensamento que me reconfortava, o de que não houve sofrimento.

Não gosto de surpresas. Nem mesmo das boas. Não demorei muito a perceber que situações inesperadas me deixavam mais nervosa do que a outras pessoas. E admirava a capacidade de amar ser surpreendida. Não foi à toa que o telefonema no meio da madrugada me derrubou. Minha avó materna havia falecido. 

Na prática, eu conheço poucas pessoas que morreram. Talvez, por isso, que a morte seja o enigma que nunca resolvi. A sensação de que nunca mais irei ver alguém me deixa atordoada.  

A vida tem dessas pregar peças. Minha vó não tinha nenhuma doença, era uma das pessoas mais ativas e inquietas que já conheci. E um dia, sem mais nem menos, seu coração parou. Deixando pra trás uma legião de pessoas como legado. 

Amava quando ela me contava todas as aventuras do forró no último final de semana. Aquele que ela não convidava ninguém pra ir junto, mas que não deixava de conseguir pretendentes. Também adorava provoca-la. Era divertido fazer com que ela ficasse brava, porque nunca realmente ficava. Ela se divertia também. Tão doida que só poderia ser minha vó mesmo.  

Nunca era monótono estar com ela. Havia sempre uma história, uma risada, uma ideia maluca. Acho que por isso preferiu ir de uma vez. Sem despedidas, sem enrolação. Quando queria ir, tinha pressa. E também foi assim que ficou mais difícil dar adeus. É triste imaginar um mundo sem a árvore mais antiga e vibrante do nosso pomar.  

É ainda mais triste pensar que foi cedo demais. Ainda havia tanto pra gente rir. 

sábado, 30 de julho de 2016

Não vou me adaptar


Eu não lembro ao certo qual foi o momento que eu decidi que não iria beber. E quando digo isso, me refiro a bebidas alcoólicas. Não sei se meu inconsciente sempre soube ou se foi uma decisão tomada. Posso demorar a tomar certas decisões na vida, mas quase nunca volto atrás. E é assim até agora, aos meus 25 anos.

Meus pais sempre foram da galera e normalmente estavam dando algum tipo de festa ou realizando comemorações, desde a minha existência neste planeta. Então cresci no meio de toda aquela gente alegre, que ia ficando mais feliz a cada latinha de cerveja nova que pegavam. Eles compravam a felicidade por alguns centavos e é o que acontece até hoje. 

Não estou dizendo que meus pais são a razão pela qual eu preferi deixar de lado a bebida, mas provavelmente contribuíram muito pra isso. Tenho certeza de que não tivesse sido minha decisão desde o princípio da coisa toda, mais tarde eu a teria tomado. Veja bem, outras pessoas que tiveram exatamente a minha criação nesta família optaram por continuar assim e são perfeitamente felizes.

Acontece que ver as pessoas precisando mudar o seu comportamento me incomoda. Todo mundo me conta suas histórias de quando estavam bêbados e tomaram determinada decisão. Seguem justificando seus problemas baseados na coragem que o álcool as dá e coisas assim. Me dizem que as coisas são muito melhores e que lidar com suas vidas fica muito mais fácil. É uma fuga. 

Isso me faz lembrar uma outra história, a de Amy Winehouse. Quem assistiu ao documentário dela (que tive o prazer de recomendar aqui), vai entender o que estou falando. Em determinada parte do filme, Amy é indicada ao Grammy de 2008 e recebe de sua família e do pessoal que cuidava de sua carreira a condição de participar da premiação se estivesse sóbria. Sem drogas pra você hoje, Amy. Bem, ela realmente recebeu seu prêmio e conseguiu ficar limpa por aquele período. Mas há uma narrativa de sua amiga que conta que quando ela foi parabenizá-la, Amy simplesmente disse: 

"Jules, isso aqui não tem graça sem drogas"

Eu não quero que minha vida perca a graça. E não quero fugir dos meus sentimentos, das coisas ruins, das boas, que eu deixe de ser algo que eu não sou. E provavelmente esse foi sempre o medo que eu carreguei no fundo de mim enquanto eu via os amigos dos meus pais bebendo cada latinha de cerveja atrás da outra. E é esse o mesmo medo que eu tenho agora mesmo. 

A ideia de antidepressivos e anticoncepcionais, assim como com drogas também me causam esse tipo de medo. Entendo completamente a importância dessas coisas, tanto política, quanto pra saúde mental das pessoas. Mas é como anestesia. Vão te impedir de sentir coisas pra que você não sofra. O que não quer dizer que não esteja ferido. 

Estamos há anos conversando neste blog sobre o quanto sou feliz sendo quem eu sou e que não tenho a necessidade de me adaptar e ser como todo mundo espera que seja. Bem, a grande verdade disso tudo é que não confio na massa, não completamente. Juntos podemos ser mais fortes, mas também somos mais frágeis. 

É o mesmo todo mundo que leva pessoas como Amy Winehouse a desistir, que faz que com milhares de meninas sofram todos os dias, que outras dezenas de pessoas sejam infelizes no trabalho, que centenas de outras achem que não é suficiente. A ideia de normalidade causa isso nas pessoas e quanto a isso prefiro não fazer parte. 

Eu não vou me adaptar a coisas que não ache que sejam boas pra mim. Não quero fazer parte de uma história de destruição. Não vou buscar uma anestesia porque me disseram que é muito mais fácil assim. Porque eu não quero fácil, não quero ter medo da dor, do sofrimento. O que tenho medo é da facilidade, do que não é real. 

Eu não preciso me adaptar. E isto é uma certeza. 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Really good times for a change


Eu tenho a palavra para o momento da minha vida: desmotivação. Eu esqueci quando foi a última vez em que me senti tão sem vontade na história da minha existência. Acredite, materializar este sentimento neste texto está sendo um mix gigantesco de força de vontade com a necessidade de me expressar. 

Estou faminta por mudança. Estou enlouquecida de vontade de dar adeus pra esse momento da minha vida. Está na hora do próximo passo, está na hora do move on. Estamos na hora da próxima fase desse jogo. Eu quero uma vida nova de novo outra vez. 

A comida não tem sabor, a música não faz o mesmo efeito, os filmes me dão preguiça, a leitura não rende, a rotina me cansa. O problema não são as coisas que fazem parte de mim. Elas ainda são minhas. É essa desmotivação, que me enche de tédio e que acaba comigo. Que me destroça, que me tira do eixo. 

E então, vida, qual será a nossa próxima aventura?

sábado, 19 de março de 2016

Playlist


Estava sentada bem no meio do carro, cercada de pessoas que não costumava concordar em nada. Lá fora escuro, com exceção dos faróis dos carros que surgiam na estrada. O sentimento era um velho conhecido meu, o de vazio. O problema era a playlist.

Conforme o carro avançava na estrada, aquelas músicas da minha vida rolavam no pé do ouvido. Me transportando pra cada fase que tinha encarado até aqui, desde a infância. O problema era a playlist que trazia as canções preferidas.

Aquele sentimento de déjà vu que te faz perceber que um dia você se sentiu plenamente feliz em algum momento. E não tem a ver com não estar feliz. É só que depois que a gente cresce não dá pra se sentir tão pleno assim. A playlist errada me transformava em um mar em ressaca.

É reconhecer os sonhos de uma vida que você teve e que largou em algum lugar no caminho. É lembrar que um dia sonhou. E que passou a viver um arroz com feijão de baixas expectativas. Porque em todos os dias há uma nova decepção pra encarar. Essa playlist errada era pra me reencontrar.

O problema é que o encontro me fez sentir vazia. Sem nada. Sem sonhos. Sem o principal de mim e da minha essência. Porque todos os dias é acordar e me chutar pra dentro do baú pra que caiba ali bem apertado, sem deixar a porta aberta, pra que ninguém perceba o que eu posso ser. E que agora não sou nada. 

Aquela playlist me derrubou. Mas a verdade é que já estava no chão. 

terça-feira, 1 de março de 2016

As chuvas de março voltaram


No final de semana eu desmoronei e fui muito bom. Sabe quando você acorda no dia seguinte renovada? Foi exatamente assim que me senti. Depois de recuperar o meu bom humor, me senti animada com as coisas, estava plenamente decidida a não deixar que nada, absolutamente nada, me tirasse esse sentimento. 

Este é o tipo de coisa que não podemos decidir, porque o universo não conspira a nosso favor. Minha boa fase durou apenas dois dias. Está aberta a temporada do mau humor novamente por aqui. Afinal, eles estão dispostos a derrubar os nossos castelos, como se fossem de areia. 

Dito isso, agora já não tenho mais vontade de conversar. Não importa o quanto a gente trabalhe para que as coisas deem certo, sempre há algo disposto a nos atrapalhar. Vamos esperar que coisas boas aconteçam. 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Esquecimento


Eu sinto que me afastei de mim. Não é estranho estar junto com você todos os dias e mesmo assim ter o sentimento que talvez não se conheça mais? Tem momentos que me sinto assim. Parece que fiquei observando o meu redor por tanto tempo, que parei de prestar atenção nas coisas que realmente importam. 

Lembram? De que eu não sou todo mundo e por muitas vezes fiz questão de que fosse assim. Eu aceito as pessoas por seus gostos e jeitos e tem horas que absorvo tanto tudo aquilo que esqueço que não faz parte de mim e que não está me fazendo feliz. Esqueço também que não é pra eu ficar esperando retribuição pelas coisas que faço pelos outros, porque não é isso que eu sou.

Tem dias que eu esqueço minhas músicas preferidas, por dar tantas chances a lista de canções de um outro alguém. E percebo que me sinto vazia, porque aquilo não me diz absolutamente nada sobre quem eu sou. E percebo também que nunca fiz questão de integrar as coisas que gosto na vida de outras pessoas, me dou bem com isso. 

Em outro dias me sinto tão desconectada por dentro, que quando me surge tempo livre, esqueço o que normalmente me faria feliz naquele momento. Eu não quero se esquecer de mim. Por nenhum momento sequer quero deixar de ser eu mesma. Porque eu sei que cada partezinha de mim, constrói aquilo que eu conheço. Tudo é importante, até mesmo aquele fio de cabelo branco que insisto em cobrir.  

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Sem mudanças


É o primeiro dia do ano. Obviamente, nada mudou. Não achei que mudaria. O ano começou do mesmo jeito que terminou o anterior: sem definição. Eu continuo não querendo não esperar que as coisas caem do céu, porque - na verdade- elas nunca caem.

As mesmas coisas que tiravam do sério ontem, no que passou, ainda estão aqui. A vida não se modifica, se as pessoas não quiserem. Elas não querem.

O problema sou eu. Sou eu quem se estressa com a atitude dos outros, que me chateio quando não cumprem com o combinado, quem não gosta de surpresas. O problema é mesmo eu, que desta vez não se preocupou em se adaptar.