sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Felicidade acima do preço.


No meu último ano tive a impressão, mais do que nunca, que sou desencaixada do mundo. Mas por um minuto de leitura-libertadora, eu entendi. Entendi que o problema na verdade pode não ser eu, mas talvez as outras pessoas. É estranho, e talvez prepotente pensar assim, já que é mais fácil uma pessoa estar errada do que uma maioria. Mas é que passei meu último ano convivendo com pessoas que gostavam de falar dos recentes lançamentos da Apple, falando sobre seguro e manutenção de seus carros, a inauguração do último chique e interessante restaurante e talvez, um novo desfile de alguma marca famosa. 
Não, eu não queria falar sobre isso com ninguém. Principalmente, porque não compartilho de metade dessas coisas. De vez em quando a gente escuta: “não tirou sua carteira de motorista ainda?” e tenho de responder que sim. Daí vem “e não comprou um carro?”. Não, comprar um carro não está nos meus planos. Não estou julgando quem tenha, mas tenho prioridades mais importantes. Como, estudar. Caminhar ao ar livre. 
Gosto muito mais da minha leitura diária nos transportes públicos. Sim, o serviço é precário e acima do preço desejado. Mas, todos os dias posso ver pessoas novas, não me preocupar com a direção e ainda desfrutar de um novo mundo que meus livros e revistas me trazem.
Desde os primórdios deste blog, eu escolhi a simplicidade, e provavelmente durante algum tempo, eu tenha esquecido muito sobre isso. Mas agora, aos meus 22 anos eu voltei a entender o sentido disso. Ser simples. Por que ao contrário da nova-classe-média-esbanjadora, eu consigo ser feliz com muito menos. 
Sim, às vezes sinto frustração, falta dinheiro, mas sobra amor. Eu não deixei de viver uma vida boa, saudável e gratificante. É só que isso não tem importância pra mim. Perdi a vontade de ser interessante, de fazer parte de algo e de viver mentiras e minhas amarras são outras.
Li uma vez que nossa vida passa a ser desinteressante nas redes sociais, incluindo a social com o circulo de amigos, quando passamos a viver nossa vida real. O pior foi que concordei.  Mesmo amando viver nas redes sociais, de compartilhar meus gostos e opinião, e do narcisismo que é tudo isso aqui. Só que minha vida anda muito mais interessante aqui fora. Do que aí dentro. 

Sandy Quintans