quarta-feira, 13 de março de 2013

Meu romance de cabelo curto.

Lembro que quando tinha de 15 para 16 anos, todas as meninas gostavam de cabelos compridos. Na verdade, pouca coisa mudou. Meninas e mulheres ainda depositam seus poderes de conquista em seus cabelos. São poucas aquelas que se arriscam e cortam eles sem dó ou piedade. Sempre tem aquela chorada básica depois de um corte muito radical. Foi por isso, que quando estava no meu primeiro ano do ensino médio me apaixonei pelos cortes curtos. 
Enquanto todas as meninas estavam alisando e mantendo as madeixas longas, como toda boa latina que se preze, eis que uma menina da minha sala apareceu com seus fios curtos. Um chanel lindo, repicado. Pensei, ‘que coragem dessa menina’. Lembro que eu e minha amiga, que estudava na mesma sala, não conseguíamos parar de olhar para ela. Tão moderna, tão diferente de todo mundo, e tão corajosa. Ficamos meses falando do corte, e sem notar aquele corte mudou a maneira como enxergo as outras mulheres. Coisa que só entendi anos mais tarde. 
Foi assim, que comecei a associar o cabelo das mulheres à personalidade. Isso não é regra. Tem muita mulher de cabelo comprido cheia de personalidade e expressão. Mas de acordo com o meu código, mulheres de cabelos curtos, assim como mulheres de cabelos cacheados, não tem medo da opinião alheia e muito menos de parecerem ‘menos mulheres’ por causa de um simples detalhes, que depois cresce. É por isso que sempre vejo alguém de madeixas curtas fico paquerando aqueles fios.
Sempre que meu cabelo cresce me sinto sem personalidade. Se invento de deixar crescer, poucos meses depois ele já está curto de novo. E confesso, não ouso como gostaria. E talvez afinal, essa seja a minha personalidade, ousar em cima do muro. 
Anos depois, eu e aquela minha amiga cortamos nossos cabelos e mantemos curtos desde então. Pergunto-me se aquela menina que estudou comigo sabe do estrago que causou na minha vida. Ou nos meus cabelos. 

Sandy Quintans

Um comentário:

  1. Observação peculiar. E muito interessante por sinal.
    Compreendo muito bem quando diz ousar em cima do muro. Já aceitei que, por mais ousada que eu queira ser, radicalismos não fazem parte da minha personalidade.

    Beijo

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