Se perguntar sobre mim a alguém que me conhece desde criança, esta pessoa vai dizer: “só dava trabalho pra comer”. Sim, a única coisa que gostava de comer quando criança, era tomate. Mais tarde, a Trakinas entrou no cardápio. Mas a verdade é que desde criança eu fui muito quieta, vivia conversando com meus amigos imaginários, imaginando lugares que não existiam, situações que nunca se concretizaram e pessoas que nunca conheci.
De criança quieta, eu passei a adolescente quieta e naturalmente, um adulto silencioso. Eu nunca fui de me expressar e se espremer demais eu travo. Não gosto do som da minha voz, não gosto das coisas que digo quando estou nervosa e faço comentários engraçados, só pra participar. E talvez por todos esses motivos, eu nunca disse “eu te amo”. Na verdade, escrever essas três palavras juntas, já me dá calafrio.
Não, eu amo as pessoas. De verdade. Uma dúzia de pessoas, ou menos, não sei ao certo. Mas eu nunca quis dizer isso a elas. Eu apenas, passei a achar que se eu demonstrasse, ainda que do meu jeito que eu sinto isso, não seria necessário dizer. Às vezes dá certo. Outras não.
E confesso, até dói um pouco quando escuto estas três palavras mágicas da boca de alguém, direcionado a mim. Sinto culpa, porque não digo. Mesmo que o sentimento seja recíproco. Daí, sou obrigada a me escutar dizer em um triste tom: “Eu também”.
Sandy Quintans
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