Minha irmã tenta todos os dias nos convencer de que o fardo dela é pesado porque nós não facilitamos. E nós tentamos convencê-la de que, na verdade, o fardo só fica mais pesado com o tempo. A intenção não é desanima-la, mas sim fazer com que entenda que o melhor que ela pode fazer é aproveitar o momento do qual está vivendo.
Temos a certeza de que ela vai sentir falta de quando o despertador que a empurrava da cama pela manhã éramos nós, e não a realidade. Vai sentir falta de quando as cobranças eram apenas para manter o dever de casa em dia e seu quarto organizado, e não do chefe mala que tenta ser legal. Parecem coisas pesadas demais a se dizer para uma menina de 14 anos, que quer crescer rápido demais. E cresce. Mas ela é dessas crianças que imploram por ouvir realidades, e a gente diz.
Por sorte, nem só de coisas ruins são feitas a realidade. Existem aquelas pequenas coisas que anulam os momentos ruins. Que nos fazem carregar o fardo como uma sacola leve, até mesma vazia. A leveza da minha caminhada para o almoço era uma rua. Cheia de árvores e sombras que me refrescava por uma quadra. Ficava bem no meio do caminho. Era o oásis na metade da jornada no sol de meio dia.
Foi assim, que eu dia eu passei pelo meu habitual caminho para almoçar e me deparei com aquela maravilhosa fileira de árvores, no chão. É isso mesmo, alguém foi lá botou ao chão o meu oásis, e em vez de sentir alívio por caminhar um pouco na sombra refrescante, sinto frustração. Todos os dias sinto raiva de ter que passar naquela rua. Comecei a pensar em caminhos alternativos, mas aquele é o menor.
Como é que se explica pra minha irmã que as pessoas derrubam os oásis umas das outras?
Sandy Quintans
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