Estava na cozinha do trabalho, tomando meu café pós-almoço, quando percebo que alguém estava falando comigo. Pena que não ouvi. Distraída, solto um sorriso sem graça para um senhor com uniforme da empresa de manutenção de elevadores. Vi que ele esperava minha reação, até que educado, porém impaciente, ele solta: “não vai me oferecer café?”. Pobre homem. De certo deve ter se perguntado aonde foi parar a educação dos jovens. Sinto muito meu senhor.
Desde os primórdios da minha vida, e não pela falta da boa educação dos meus pais, sou péssima anfitriã. Mas eu tento. Quase nunca convido meus amigos pra ir em casa, até nos tempos da escola. Não, eu gosto que eles vão em casa. Eu só não tenho jeito para recebê-los. E confesso, não tenho muita paciência para os rituais. Já até imaginei as cenas:
- aceita um copo de água?- vou fazer um café pra gente.- quer que eu abra a geladeira pra você?
Chateada com a minha falta de sensibilidade em oferecer café para os trabalhadores, resolvi ser mais legal com o pessoal que aparece na cozinha. No dia seguinte ofereci uma xícara para um senhor, muito velho mesmo, que se arrastava até lá.
- quer que eu coloque café para o senhor?- por favor – disse o velho com dificuldade- deixa que eu coloco açúcar também – dizem, que gentileza nunca é demais-não coloque não, pois sou diabético.
Sandy Quintans
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