Logo cedo o despertador toca. Quer me convencer de que é hora de acordar. Meu organismo me diz que, na verdade, eu deveria passar o dia na cama. Me arrasto pelo pouco tempo que é permitido agir assim. O tempo passa depressa. Todos os dias são assim. Nunca quero me levantar, acordar, aproveitar o dia.
Ganho o dia em curtos vinte minutos de adrenalina que me consome quando estou atrasada. Dali saem os planos que nunca irão se concluir. São apenas vinte minutos do meu dia de vinte e quatro horas. O resto do meu tempo é dividido entre preguiça, falta de vontade e culpa. Culpa por me deixar estar assim, mais um dia e de novo. Confesso que nem do Leonardo DiCaprio eu tenha gostado por esses dias. E temo piorar.
O dia começa cheio de planos e logo vai se desfazendo até esfarelar. Ao fim da tarde, já não tenho coisa nenhuma, além de lamentações. É quando aparece a pergunta recorrente: “quando foi que a comida perdeu o sabor?”. E perdeu. Perdeu as cores, o aroma e o sabor. Assim como tudo que estava em volta. Outros questionamentos aparecem. Será que estou vivendo um período ou uma vida?
O curioso é que a resposta para todos os questionamentos é simples. Cabe em quatro letras e significa algo vazio: Nada. Não sinto nada, não quero nada, não penso em nada. Esses dias não têm sido absolutamente nada.
Sandy Quintans
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