quarta-feira, 13 de junho de 2012

É sempre a droga do dinheiro


Desculpe o palavrão, mas as vezes é necessário. 
Percebi que tinha uma tarde livre. Pensei em ir a casa da minha melhor amiga, que é mais que amiga, é irmã. Pra isso precisaria de dois ônibus para ir e mais dois para voltar. Cada passagem custa R$3,00 reais na minha cidade.  Quando eu estava na segunda série do ensino o fundamental, este mesmo ônibus custava R$1,00. Isso significa que por R$2,00 eu poderia ir e voltar. Hoje nem isso faço mais. Se multiplicarmos dois ônibus para ir até a casa da Melin e dois para voltar dá uma quantia de R$24,00. A opção de ir até a casa dela era justamente porque a grana tá curta e não poderíamos nos dar ao luxo de passar a tarde no shopping gastando. Desisti. Pensei que poderíamos nos encontrar na metade do caminho e comer em algum lugar. Me bateu uma vontade tremenda de comer Mc Donald's. Não me julguem, com o meu orçamento isso anda cada dia mais difícil. Mesmo com pequenas ofertas, pouca grana você não gasta em um lugar desses. Se fosse chutar o pão da barraca, pegaria uma Mc Oferta média, talvez um Big Mac e gastaria R$17,00. Se colocássemos na conta aquele ônibus no meio da história sairia R$23,00. Praticamente o mesmo que ir até a casa de Melin. 
Ok. Grana zero. O que resta? Ficar em casa. Tudo bem, gosto de ficar em casa . Até que, tu liga o computador, entra no Facebook e perde boa parte do seu tempo. Quando vai fechar sente aquela sensação de ter perdido todo o seu tempo. Pra melhorar a sensação, pega um livro. Página um. No meio daquelas frases pulando te chega pensamentos.
"Quando vou poder escrever algum projeto interessante assim?" 
Daí você lembra, só depois de muito trabalho. Trabalho no meu caso significa muito matéria, muita redação, muita encheção. Sim, por mais que você ame a sua profissão e queira fazer aquilo para o resto da vida, ser jornalista é passar a escrever pra alguém. Pra algum jornal, algum interesse, algum alguém cheio da grana. Mas quando é que dizemos o que realmente queremos dizer? O por quê? Porque por trás de tudo sempre tem alguém com mais dinheiro que você que te diz o que fazer. Você aceita, claro, tem suas contas pra pagar. Idealismo é pra quem tem sustento. Quando é que você vai pegar aqueles papéis pra encher de ideias esquerdistas? Quando esse dia chegar você vai perceber que está cansado demais para ideias tão joviais. Que tudo o que você quer é se esconder no maior dos campos e esquecer redação, esquecer as palavras. 
Tudo porque passou a vida pagando contas, dando metade do teu salário todo mês a alguma empresa de ônibus ou talvez a alguma petrolífera. Ao governo com juros abusivos e benefícios mínimos. E percebendo que quanto mais se tem, mas você gasta.
É bonito né? Você ficar pensando que o que mais importa nesta vida é o amor. Que se prender a coisas materiais é furada. É verdade, não discordo. Mas até pra amar precisa de dinheiro. Ninguém ama morrendo de fome. Talvez no escuro, mas sem banho não. Sem água então? Até parece. Tudo custa dinheiro. Você aí lendo meu texto tá gastando dinheiro. Eu aqui escrevendo estou gastando dinheiro. Meu notebook ainda não terminei de pagar, a conta da internet chega todo mês e da energia também.
Até pra ser artista tá custando dinheiro. E então você percebe. É sempre a droga do dinheiro.

Sandy Quintans

3 comentários:

  1. é melin... é sempre a droga do dinheiro! ¬¬'

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  2. Sempre o dinheiro... mas o maior problema é que estamos cercados de pessoas que se preocupam em ter MUITO mais do que precisam/merecem/conseguem/roubam/ganham/acham/guardam/colecionam...

    Muito legal o seu blog, Sandy. Estou seguindo/divulgando/comentando... rsrsrsrs

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    1. Obrigada João!
      Pena não ter tanto tempo mais para atualiza-lo, né? hahaha

      Concordo com você. O problema do dinheiro gira em torno de toda essa preocupação em ter. Talvez assim, as coisas não fossem tão caras, né? Ou ao menos teriam um valor mais justo.

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