Um dia, a vida me levou a ter voz, eu não sei por quê. Tem muita gente tímida que continua até o fim, e por mais quieta que eu ainda seja eu já quase não encontro nada de mim. Deixei as pessoas baterem na porta e até entrarem. Eu aprendi a gostar das companhias, mas não aprendi a gostar das descobertas. Ás vezes me dá uma vontade de voltar pra dentro, igual se faz a tartaruga. Mas pro meu azar não sou tartaruga, sou gente.
O que me incomoda de verdade é que quanto mais eu vivo, menos eu acredito, menos eu consigo. Vou descobrindo problemas que antes estava solto, e que agora eu descubro, e que agora me descobriu. Me sinto impotente, e ás vezes insuficiente. Minha voz é cada vez mais ácida, ás vezes me assusta. Não quero mais sentir medo do mundo e nem de mim. Eu não quero desconfiar, quero acreditar.
"Sinto impulsos covardes, assustadiços e escapistas de voltar. Também porque sinto saudade, muita, de tudo. Mas sei que não devo"
Caio Fernando Abreu
Sandy Quintans